Saiu recentemente uma matéria no jornal The New York Times cujo titulo é algo como “Conheça o book stylist, que escolhe livros para famosos tirarem fotos e desfilarem” confesso que fiquei incrédula com o título e decidi ler a matéria completa para verificar a mais nova moda.
“No anonimato, curadores põem obras nas mãos de influenciadores digitais e modelos como tendência vintage”
E é isso mesmo meu webamigo, mais cedo comentei isso com a minha irmã “ é o fim dos tempos”, no que ela respondeu “ não é o fim dos tempos, é a representação precisa dos tempos - não tem essência, só imagem”.
Ou seja, existe um serviço de curadoria onde esse “book stylist” seleciona livros de forma intencional para as celebridades aparecerem em eventos e serem fotografadas segurando um livro, e também exibindo em suas redes sociais fotos para conferir uma especie de “autenticidade em sua persona”. Se leem ou não, já é outra história.
Iniciativas de poetas declamando em desfiles de moda, clube de leitura de celebridades não passam dessa “nova” estratégia de campanha de marcas de luxo internacionais como Dior, Chanel, Valentino que veem nesse objeto um símbolo de autoexpressão e status? Para quem?
Por pior que soe essa idéia, ajudará a propagar a leitura mesmo, ou será que vai ser mais um efeito para ser usado como os filtros de Instagram?
Como um mercado extremamente nichado e consumindo apenas por uma parcela muito especifica da sociedade pode ser um movimento de representação e propagação da leitura para a sociedade? Não passa de um fetiche e um retrato de uma minoria que convenhamos, não sabemos nem se lê.
Tudo é político.
A burguesia é a própria ficção.
Com sinceridade,
Um Balaio Só:
Matéria completa no New York Times
Pré vendas de livros que estou flertando nessa semana:
1- Para o Lado de Swann, Proust - companhia das letras.
Quando a gente pensa que já viu de tudo aparece mais essa... Há não muito tempo, na vibe do DIY, uma youtuber pegou um livro de capa dura, tirou todo o miolo (jogou fora por sinal) e usou a capa para fazer uma "caixa vintage"... Efetivamente, um reflexo dos nossos tempos...
Acho quase impossível que este movimento fomente a leitura, é bem mais provável que livros sejam transformados apenas em mercadorias a serem mostradas e o conteúdo cada vez menos importante. Difícil os tempos....