Amanheceu e dessa vez amanhecemos juntos, finalmente. Acordei sem vontade nenhuma de olhar para trás, e estou tomada por uma felicidade e sonhos iguais de quando era uma menina que sonhava acordada o tempo todo. Uma especie de nostalgia, esse sentimento eu conheço, sabe?
São outros tempos, mas sempre há espaço para acomodar os velhos sonhos.
Minha memória vem embalada nos tecidos que vovô trazia do interior para minha mãe mandar fazer uns vestidinhos. Do pirão na casa da prima Daniele, do cuscuz com leite da vovó, do interior, do “ é filha de chico”, neta de Adelaide. Será se o açude vai encher novamente? Família reunida, comida farta, interior cheio, cheiro, amor.
Acordo. Voltando para a minha realidade, minha bolha - Estou no café agora e enquanto escrevo, confiro os sorrisos, e o olhar dos meus clientes que é outro, é um olhar molhado e curtinho, saltitante.
Estamos aqui, conseguimos.
É tempo de derrubarmos os muros da indiferença, e mostrarmos que o Brasil é um só, e que nós somos o Brasil de verdade - aquele que tem cara de Maria.
Com sotaque, jeito, e memória.
Um brinde ao meu vizinho Antônio - Seu Antônio, é porteiro do prédio que fica em frente ao nosso estabelecimento. Ele é o Brasil que conheço, o que resistiu com esperança. Hoje cedo quando abria a loja ele olhou para mim, e disse “ como vai essa força menina ” ? eu não o respondi, eu o abracei.
Hoje é dia de comemorar com muito café e com o seu Antônio.
Mas minha energia adolescente
Não esquece o que aprendeu
Meu país, minha cabeça variada
Quer ser tudo de uma vez
Um Balaio Só
“ Sem medo de ser feliz” - Tatianne Santos
Democracia em festa! <3
bom demais!!