Acordei pensando nas coisas que vivi ultimamente, nas pessoas que esbarrei, nos amores que me lancei, no fluxo da vida e na tentativa de pensar a respeito de alguns momentos, ou até mesmo guardá-los. Eu tenho tentado postar um carrossel dessas imagens aleatórias no meu Instagram, mas aquele incômodo que faz a palavra surgir como um ímpeto veio, e as imagens não foram capazes de traduzir perfeitamente. Essa falta me fez querer falar, ruminar, vomitar, e até mesmo esquecer algumas coisas. Eu volto para mim, para o sentimento que tem me deixado inquieta e decido encará-lo um pouco mais.
O formato parece ser de um parafuso solto, de vários tamanhos e parece que é para ter uma finalidade, mas não consigo dizer para o quê.
Qual a diferença entre o dizer muito e o não dizer nada? Talvez eu não queira nem saber.
“ eu te admiro” “ gosto de você” são algumas palavras que quando ditas na hora errada elas parecem com sapatos caros que podem ser até bonitos, mas parecem não ter utilidade no dia a dia e apesar de serem de marca, raros e exclusivos, são desconfortáveis e não ligamos.
Andei pensando nas coisas que eu gostaria de ouvir ultimamente, mas que por um feliz deslize entendi que já tenho ouvido, mas de formas diferentes, e que o “outro” sempre tem o que dizer, ainda que não verbalmente. Descobri que existem palavras que são melhores ditas quando percebemos com o corpo, afinal, Freud ja dizia que o corpo fala, clichê não é? os corpos sentem, se sentem, nunca é apenas um, mas quando nos relacionamos, principalmente sexualmente o outro também escuta o que não é dito, entre os gemidos, o suor, a dor, prazer e o gozo muita coisa é dita sem ser ouvida aos ouvidos, é de outra ordem, é um prazer para além do prazer sexual, ele é o sussurro do afeto, da poesia, da alma, e tem uma voz própria, que ninguém mais pode ouvir, somente quem está ali, conectado, ou até desconectado do que gostaria de ouvir, e o que realmente está ouvindo.
Uma mulher pode te entregar tudo, inclusive o seu gozo, mas não te entrega o seu prazer completo, por que esse ainda está em construção, a busca é por ela mesma em seus afetos, em seus espaços, enquanto se olha em um espelho e se reconhece
.
Finalizo pensativa sobre os espaços. O seu, o meu, o nosso, qual deve ser o espaço entre nós? são tantos, e ainda que eu seja adepta ao diálogo eu sou intuitiva demais ao estilo místico para falar com todas as palavras aquilo que nem eu ainda descobri. Flerto com a im(permanência) dos símbolos: fogo, ar, e água. Decidi que se quero ouvir algo, vou fazer uma aliança com tais, que no dia a dia, no turbilhão ou na mansidão eles conseguem dizer muito, por apenas serem, sem se preocupar em serem totalmente compreendidos. Presunção é a nossa querer o que a nossa própria natureza nos esconde.
Beijos,
que saudade que eu tava de te ler aaaaa
te admiro demais, Jéssica!!
PS: Ler sua playlist ao som de Marina Sena foi a melhor coisa do meu dia por enquanto. Continue sempre!
Li e estou sem palavras! :)
Melhor permanecer encantado... Gostei dos sussurros do afeto. Poucos, por aí, entre descartes e relações avulsas, constroem as condições para esta intimidade do aconchego e do sossego.